General Girão (*)
A Fortaleza dos Reis Magos é um dos mais importantes marcos na história das fortificações da orla marítima do Brasil. Sua construção surgiu da necessidade de defender o litoral brasileiro das constantes ameaças externas, principalmente do tráfico do Pau-Brasil, pelos corsários franceses.
No período da união das coroas portuguesa e espanhola, em 1597, o Rei Felipe II, por intermédio do Governador-Geral do Brasil, D. Francisco de Souza, determinou a organização de uma expedição para expulsar os franceses, construir uma fortaleza para proteger a Barra do Rio Grande e fundar uma cidade nas imediações do Forte.
O Capitão-mor da Paraíba, Feliciano Coelho, juntamente com Jerônimo de Albuquerque, seguiram por terra conduzindo 350 homens, 900 índios e escravos. O Capitão-mor de Pernambuco, Manoel Mascarenhas Homem, seguiu pelo mar, conduzindo 12 embarcações. Assim, no dia 06 de janeiro de 1598 foi iniciada a construção da Fortaleza, dia de Santos Reis, o que deu origem ao seu nome, inicialmente batizado de Fortaleza dos Santos Reis e depois Fortaleza dos Reis Magos.
Para consolidar a colonização do Rio Grande do Norte, os portugueses, depois de muitas conversações, conseguiram fazer um acordo de paz com os índios. O passo seguinte foi a fundação da cidade de Natal. É sabido que, antes, junto ao Forte, já existia um arraial. Sendo, então, a área próxima imprópria para construção de moradias, devido à maré, escolheu-se para isso o primeiro chão elevado e firme, que se apresentava à margem direita do rio, em torno de meia légua da fortificação.
Então, a 25 de dezembro de 1599, Jerônimo de Albuquerque, saindo da fortaleza, na distância de meia légua, num terreno elevado e firme, que já se denominava Povoação dos Reis, demarcou o sítio da cidade, que recebeu o de nome de Natal.
O Forte dos Reis Magos é considerado um dos mais belos e sugestivos, e o mais bem edificado de todos os outros do litoral brasileiro. O projeto de construção foi desenvolvido pelo jesuíta e arquiteto Padre Gaspar de Samperes, porém a edificação como se encontra hoje, foi projetada pelo Engenheiro-mor Francisco Farias de Mesquita, em 1614.
Essa edificação militar, estrategicamente situada na embocadura do Rio Potengi, à margem direita, desempenhou papel importantíssimo na reconquista do Maranhão, onde os franceses haviam fundado a “França Equatorial”. Daí saiu Jerônimo de Albuquerque, primeiro brasileiro a comandar uma força naval para defender o Brasil, foi herói da reconquista do Maranhão, fundador da cidade de Natal e hoje integra a galeria dos heróis brasileiros.
Como sentinela avançada, a Fortaleza dos Reis Magos venceu o abandono de alguns governantes e as intempéries do tempo. Na fisionomia rústica das suas paredes, visualizamos as garras do império colonial português que, à força, incorporou a terra dos potiguares à civilização europeia.
Hoje o Forte é uma das principais atrações turísticas de Natal, recebendo, durante a alta temporada, até 2 mil visitantes por dia. Foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN em 15 de janeiro de 1945 e esteve sob a administração da Fundação José Augusto de 1965 a 2013, retornando para a União, por meio do IPHAN.
Em março de 2018, a administração do Forte voltou para a Fundação José Augusto, com a perspectiva de ser revitalizado, mediante parceria e aporte de recursos do Banco Mundial. Fechado desde então, havia a previsão de ser reaberto ao público em novembro 2019, mas até o momento apenas 7,5% das obras foram concluídas e a nova previsão é de que os turistas e natalenses terão que esperar até 2021 para ter acesso ao monumento.
O Governo do Estado, por meio da Fundação José Augusto, responsável pelas obras orçadas em R$ 3,9 milhões, alega entraves burocráticos para a paralização desse empreendimento, sem no entanto, apresentar nenhum calendário de execução.
Essa é mais uma demonstração que ao Governo do Rio Grande do Norte não interessa adotar postura de resgate da nossa História. Nada foi feito até o momento, por exemplo, para caracterizar a região de Touros como o verdadeiro ponto inicial do Descobrimento do Brasil. Nada também foi feito para destacar historicamente nosso Estado como o “Trampolim da Vitória”, de importância fundamental durante a 2a Guerra Mundial.
Esses casos indicam claramente que esse governo estadual é o símbolo da não realização, marcado pelo imobilismo e pela má gestão.
(*) Deputado Federal pelo Rio Grande do Norte