Depois do vídeo do Comando da Marinha do Brasil, editado nesse final de novembro de 2024, mostrando as especificidades da carreira de marinheiro, fiquei meditando sobre o significado de alguns termos da vida na caserna, tais como obediência, disciplina e ação de comando.
A frase escrita no Pátio Marechal Mascarenhas de Morais localizado originalmente na Academia Militar das Agulhas Negras é um exemplo:
Cadete, ides comandar, aprendei a obedecer.
Uma das possíveis reflexões sobre essa frase pode ser que, para ser um Comandante você deve se sentir parte da tropa que comanda. Isso está no processo de ensino da arte de comandar.
Para tal, é fundamental estar sempre ciente do dia a dia de seus comandados, de forma próxima dos momentos deles, incluindo suas famílias, seus sonhos e ansiedades.
O Comandante não apenas diz “vão”, ele exercita o “Sigam-me”.
Em caso de ameaças, ele deve estar na linha de frente, por ser a pessoa que entende e comanda sua tropa.
Ele representa os anseios e as preocupações daqueles que creditam suas vidas na obediência das ordens emanadas.
Enfim, a tropa confia e aguarda silenciosamente as ordens e as reações de seu líder para segui-lo.
Já a disciplina permite que aqueles que recebem as ordens de seu comandante possam executá-las da forma que devem ser realizadas, de acordo com as intenções e determinações do Comandante.
Entretanto, desde os primeiros ensinamentos na vida ou na caserna, sabe-se que, ao emitir uma ordem, o Comandante passa a ser responsabilizado por ela.
Assim deve ser para as tropas que são vencedoras, mas parece que na vida civil isso tem sido deixado de lado.
Quando dos louros da vitória, os chefes se beneficiam dos agrados, enquanto ao primeiro sinal de problemas já surgem na busca de responsáveis, se isentando dos erros.
Esquecem mais uma vez da arte do comando: dar ordens, saber do entendimento das mesmas e acompanhar a execução até o resultado final. Cuidando para evitar que haja algum entendimento errado na execução e para proteger seus liderados.
Pena que na vida política isso ficou dentro de uma gaveta, trancada e sem a chave para ser aberta e praticada.
Ordens devem ser claras e objetivas, procurando nao deixar dúvidas para a execução.
Entregando, para que sejam obedecidas fielmente precisam ser explicadas e, até mesmo, justificadas para que o outro lado da arte do comando possa ter resultado.
Ordens absurdas devem ser esclarecidas até o último grau de entendimento, porque no caso de não haver justificativa, possam ser desobedecidas.
Esse é o maior segredo que muitos relutam em suas profissões:
“Ordem absurda precisa ser questionada, porque senão, o executante passa ser có-responsável.
Qualquer semelhança com o Brasil atual, não é mera coincidência
É triste demais que um País tão novo, mas construído na miscigenação e na alegria e beleza que Deus nos deu esteja tão dividido, a ponto da justiça condenar injustamente pessoas que foram levadas a um erro banal de depredação do patrimônio público, enquanto criminosos contra a vida, bem como corruptos estejam sendo liberados por conta de artifícios jurídicos pouco ou nada republicanos.
Até quando? Talvez até quando estejam silentes os bons, amedrontados por um regime nada democrático.
02/12/24
DepFed PL/RN
General Girão